Restos de vinho e frutas cítricas maduras demais podem ter um novo destino além da compostagem – eles podem se tornar a matéria-prima para baterias poderosas e ecologicamente corretas. Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, descobriram que ácidos alimentares presentes nesses resíduos podem ser utilizados para criar componentes-chave das baterias, como o ânodo.
A tecnologia patenteada pelos pesquisadores da UNSW tem potencial para revolucionar o armazenamento de energia, sendo aplicável desde dispositivos eletrônicos como smartphones até veículos elétricos e sistemas de armazenamento solar doméstico. A descoberta foi resultado da observação de reações incomuns dos ácidos alimentares em contato com metais, e a partir disso, a equipe de cientistas passou a investigar o potencial destes compostos para a criação de baterias mais eficientes e sustentáveis.
Diferentes tipos de ácidos alimentares, como o ácido tartárico e málico presentes no vinho, além do ácido cítrico encontrado em frutas cítricas, foram testados com sucesso na criação de ânodos para as baterias. Essa abordagem inovadora pode resultar em baterias que carregam mais rapidamente, armazenam energia por períodos mais longos e até mesmo são mais sustentáveis devido ao uso de água em seu processamento ao invés de produtos químicos agressivos.
Além disso, a extração dos ácidos alimentares a partir de resíduos de alimentos e bebidas contribui para tornar as baterias mais eco-friendly, garantindo um processo mais sustentável e eficaz de produção. Isso abre portas para a utilização em larga escala, com suas matérias-primas sendo provenientes de fontes específicas, como resíduos de vinho e cítricos, que garantem consistência na produção.
Os pesquisadores conseguiram validar sua tecnologia por meio de um protótipo do tamanho de uma moeda, o que resultou na concessão da patente. Agora, o foco está na ampliação do projeto para desenvolver uma bateria em escala comercial, aproximadamente do tamanho de um telefone celular. Conversas com investidores e possíveis parcerias estão sendo exploradas como estratégias para impulsionar o desenvolvimento e a comercialização desse avanço tecnológico.
A demanda por baterias de íons de lítio, como as desenvolvidas pelos pesquisadores da UNSW, está em constante crescimento, especialmente devido à transição global para energias renováveis. A Austrália, assim como outros países, precisa aumentar significativamente sua capacidade de armazenamento de energia para atender às metas de transição energética estabelecidas para as próximas décadas.
Com potencial para transformar a indústria de armazenamento de energia, as baterias criadas a partir de ácidos alimentares representam uma inovação promissora e sustentável. Ao reutilizar resíduos de alimentos para criar tecnologia avançada, os pesquisadores da UNSW estão não apenas reduzindo o impacto ambiental, mas também abrindo caminho para uma nova geração de soluções energéticas sustentáveis.
Esta matéria é uma tradução livre e adaptada do conteúdo original divulgado pela AAP.