Um ano após Robbie Wickens e Harry Gottsacker conquistarem o segundo lugar na classe TCR do IMSA Michelin Pilot Challenge, eles conseguiram repetir o feito, mas com uma grande diferença: Wickens não precisou mais utilizar toda a força das duas mãos para acionar o freio, sendo capaz de fazê-lo com apenas uma mão, graças a um novo sistema desenvolvido pela Bosch, que se baseia na tecnologia LMDh da empresa.
Desde que voltou de sua paralisia causada por um acidente na IndyCar, Wickens, juntamente com alguns copilotos diferentes, conquistou vitórias e até mesmo um campeonato no IMPC TCR. A Bryan Herta Autosport e a Hyundai trabalharam juntas para desenvolver um Elantra N TCR com controles manuais, permitindo que Wickens competisse de forma competitiva. Embora essa tecnologia tenha sido usada anteriormente para permitir que outros pilotos paraplégicos participassem de corridas, ela apresentava algumas desvantagens. O sistema de freio utilizado anteriormente dependia de um anel localizado atrás do volante, acionando o freio por meio de um atuador hidráulico, o que exigia uma quantidade substancial de força para obter a mesma pressão de freio que um piloto sem deficiência poderia obter com os pés.
O novo sistema, fruto de uma colaboração entre a Bosch e Wickens, faz uso do módulo de sistema de freio eletrônico existente da Bosch, o qual é utilizado nos carros LMDh.
Wickens comentou sobre a evolução do sistema: “Do ponto de vista competitivo, acredito que este seja um grande avanço em minha jornada. Levei algum tempo para me adaptar, especialmente porque modifiquei minhas técnicas de frenagem neste carro TCR. Até agora, o sistema tem se mostrado muito eficaz e ágil, sem latências ou surpresas, o que ocorria no sistema anterior”.
Para os engenheiros da Bosch, o desenvolvimento desse sistema foi um projeto empolgante. Mesmo utilizando tecnologia já existente, adaptá-la para um novo propósito não foi uma tarefa simples.
O novo sistema não apenas requer menos esforço por parte de Wickens, como também elimina algumas desvantagens competitivas enfrentadas por ele e seus colegas de equipe. Pilotos com capacidade física plena não enfrentam dificuldades ao frear e reduzir marchas simultaneamente. Além disso, o novo sistema elimina a necessidade de trabalhar em torno de um atuador no meio da caixa de pedais durante as trocas de pilotos. Apesar de não ser perfeito, é uma grande melhoria em relação ao sistema anterior.
Wickens compartilhou sua experiência com o novo sistema: “Com o sistema anterior, eu precisava usar as duas mãos para atingir a máxima pressão de frenagem. Agora, com o sistema eletrônico, posso usar apenas uma mão. Isso me permite ter a mão esquerda livre para reduzir as marchas quando necessário. Reaprender a frenar com apenas uma mão foi uma experiência única. Mas pequenos ajustes, como aumentar um pouco o curso no sistema de freio e ajustar a resistência, me proporcionam mais sensibilidade nas frenagens de média a baixa intensidade, assim como nas frenagens de curva”.
Wickens está otimista em relação ao futuro do sistema, pois ele pode ser facilmente transferido para outros carros e pode ajudá-lo a dar o próximo passo em sua carreira automobilística, como competir no WeatherTech SportsCar Championship. Além disso, ele espera que o sistema abra portas para outros pilotos com deficiências.
Ele enfatizou: “O objetivo principal é proporcionar oportunidades iguais para pilotos com deficiências físicas, incluindo a mim. Espero que minha experiência e conquistas sirvam de inspiração para a próxima geração de pilotos com deficiências, ajudando-os a alcançarem os mais altos níveis do automobilismo”.