O aumento nos prêmios de seguro é apenas um dos desafios enfrentados por motoristas que desejam fazer a transição de um carro convencional para um veículo elétrico, de acordo com uma pesquisa recente.
À medida que os custos aumentam, as seguradoras estão preferindo baixar o valor contábil dos veículos ao invés de realizar reparos, devido à dificuldade de acesso a peças de reposição e à escassez de mecânicos qualificados, afirmou Christopher Jones, presidente nacional da Associação Australiana de Veículos Elétricos, em uma conferência em Canberra.
Outro obstáculo importante é a proibição do carregamento de veículos elétricos em estacionamentos de prédios residenciais. A associação defende o direito de todos os proprietários de veículos elétricos de terem acesso a pontos de carregamento adequados.
O desenvolvimento de um mercado de segunda mão para veículos elétricos tem sido prejudicado devido à falta de certificação do estado das baterias, o que tem levado muitos proprietários a leiloarem seus veículos. Essa preocupação foi discutida em uma audiência pública de um inquérito parlamentar sobre a transição para veículos elétricos.
O CEO da Associação Australiana de Pós-Venda Automotiva, Stuart Charity, lamentou a falta de foco do governo na manutenção e nos reparos de veículos elétricos, que estão sendo negligenciados em detrimento do aumento da oferta de veículos novos no mercado.
Ele destacou que apenas 14% das oficinas estão preparadas para lidar com veículos elétricos atualmente, e que cerca de 24% planejam se preparar nos próximos 12 meses. No entanto, os altos custos e a falta de treinamento adequado estão se tornando barreiras significativas, especialmente em áreas rurais e regionais.
“Para garantir a continuidade da adesão do público aos veículos elétricos, o governo precisa assegurar a infraestrutura adequada e proporcionar uma experiência positiva para os compradores de veículos elétricos, para que o primeiro veículo elétrico não seja o último”, ressaltou Charity.
O chefe de políticas da Associação Nacional de Transporte Rodoviário, Samuel Marks, observou que não existe uma solução simples para os operadores de caminhões, mas enfatizou o papel fundamental da eletrificação na redução das emissões no setor de transporte de carga.
No entanto, os altos custos operacionais e a falta de infraestrutura de carregamento têm sido obstáculos importantes para a adoção de caminhões elétricos. Marks defendeu que o governo forneça apoio financeiro para incentivar a transição, incluindo caminhões movidos a células de combustível de hidrogênio em possíveis subsídios e a implementação de uma estratégia nacional para infraestruturas de abastecimento.
Ele também ressaltou a necessidade de mais mecânicos qualificados para atender a demanda futura de manutenção de caminhões elétricos, especialmente em áreas fora dos grandes centros urbanos.
Marks destacou a importância do hidrogênio no setor de transporte, apesar da menor eficiência em comparação aos caminhões elétricos. Os veículos com células de combustível de hidrogênio têm a capacidade de transportar mais carga e potencialmente alcançar maiores distâncias.
Porém, o desafio do hidrogênio está relacionado ao custo de produção do combustível, que ainda não é competitivo em relação à eletricidade. Apesar disso, os subsídios anunciados no último orçamento podem ajudar a equilibrar essa diferença.
As questões legais relacionadas à circulação de caminhões de baixas emissões também são uma preocupação, com divergências entre os estados em relação às regulamentações.
AAP