O “Supremo” Tribunal dos EUA acaba de emitir um parecer que anularia Chevron v Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, o que pode impactar consideravelmente o governo e a forma como questões-chave relacionadas às emissões climáticas e ao meio ambiente são gerenciadas no país.
Entre as várias decisões controversas recentemente emitidas pelo tribunal, essa se destaca como uma das mais preocupantes, e vamos explorar o motivo.
Apenas dois dias após emitir um parecer que poderia legalizar subornos corruptos, o “Supremo” Tribunal dos EUA proferiu uma opinião em Loper Bright Enterprises x Raimondo que revogaria uma decisão anterior em Chevron v Conselho de Defesa dos Recursos Naturais.
O caso original de Chevron resultou em uma vitória para a Chevron. Durante o governo Reagan, a EPA, sob o comando de Anne Gorsuch, mãe de Neil Gorsuch, tentou relaxar as regulamentações para empresas de petróleo, levando o NRDC a processá-las. O tribunal decidiu a favor da interpretação da EPA, proporcionando uma vitória significativa para Anne Gorsuch e as empresas petrolíferas.
O caso Chevron estabeleceu a “deferência Chevron”, que significa que quando a lei não é clara, os tribunais devem acatar a interpretação razoável de profissionais de uma agência governamental sobre os detalhes em questão. Essa deferência tem sido a base do direito administrativo nas últimas décadas.
Dado que legisladores e juízes não são cientistas, é sensato que os juízes confiem na interpretação de profissionais que possuem expertise e dados ao elaborar regulamentos específicos, conforme instruído pelo legislador. Agências como a EPA ou a NOAA, que contam com renomados cientistas climáticos, são fundamentais para fornecer respostas precisas e atualizadas sobre questões complexas, como as relacionadas às mudanças climáticas.
A decisão do tribunal de invalidar a deferência Chevron pode resultar em impasses significativos no governo, colocando a responsabilidade de decisões técnicas em juízes politicamente nomeados, que podem não ter especialização adequada em áreas científicas.
Essa mudança tem o potencial de afetar diretamente a eficiência do governo, criando mais impasses e dando lugar a decisões baseadas mais em opiniões políticas do que em dados científicos.
Além disso, a falta de deferência Chevron pode levar a interpretações arbitrárias das leis, abrindo espaço para desafios judiciais e prejudicando a capacidade do governo de implementar regulamentações importantes, como aquelas relacionadas à redução de emissões e promoção de veículos elétricos.
Opinião do Tribunal Cria Mais Impasses e Pode Ser Considerada uma “Ditadura do Poder Judiciário”
A decisão recente do tribunal coloca em questão a independência e a eficácia do direito administrativo, deslocando a responsabilidade de interpretação de leis complexas das agências especializadas para juízes sem a mesma expertise.
Essa mudança pode resultar em impasses generalizados, visto que juízes politicamente nomeados terão que tomar decisões sobre questões técnicas para as quais podem não estar preparados. Além disso, ela pode abrir espaço para influências políticas indevidas e decisões tendenciosas que não favoreçam o interesse público.
Ao rejeitar a deferência Chevron, o tribunal está minando a capacidade do governo de responder de forma eficiente e baseada em evidências a questões complexas, como proteção ambiental, saúde pública e segurança dos consumidores.
Essa decisão reflete uma tendência preocupante de interferência judicial excessiva no processo governamental, resultando em uma menor transparência e responsabilidade no desenvolvimento de políticas públicas.
Agora, mais do que nunca, é essencial promover a participação cidadã, a transparência e a responsabilidade no governo para garantir que as decisões sejam baseadas em fatos e no interesse público.
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