Esta semana, a Austrália sediará a primeira Cúpula Global Positive Nature em Sydney, em um momento crucial em que a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas representam um dos maiores riscos enfrentados pelo mundo na próxima década.
O evento contará com a presença de líderes governamentais, empresariais, acadêmicos, grupos ambientalistas e povos indígenas, todos reunidos para buscar formas de impulsionar o investimento na natureza e melhorar sua proteção e restauração. Mais da metade da economia mundial depende diretamente da natureza, e a perda de biodiversidade ameaça a estabilidade financeira global, colocando em risco pelo menos 44 trilhões de dólares de valor econômico.
Indústrias como a agricultura, pesca, silvicultura, turismo, água e recursos naturais dependem fortemente da natureza. No entanto, é importante ressaltar que toda a humanidade depende do mundo natural para obter ar limpo, água, alimentos e um clima habitável. Na Austrália, um investimento significativo será necessário para reverter o declínio do ambiente natural, exigindo ação por parte dos governos, proprietários de terras e do setor privado.
A conservação e restauração da natureza são desafios caros e complexos, que vão além da capacidade apenas dos governos. Por isso, a importância da cúpula desta semana se destaca. A proteção e reparação da natureza é um trabalho gigantesco, e o financiamento governamental desempenha um papel crítico nesse processo, mas não pode ser feito sozinho. É nesse contexto que o primeiro Nature Positive Summit se concentrará.
O conceito de “natureza positiva”, segundo o Fórum Econômico Mundial, vai além da limitação dos danos ambientais e busca realmente melhorar os ecossistemas. Dentro do Quadro Global para a Biodiversidade Kunming-Montreal, ao qual quase 200 países aderiram, é estabelecido que pelo menos 30% das terras e das águas devem ser protegidas ou restauradas até 2030. A cúpula busca formas de concretizar esse compromisso global, conhecido como meta 30×30.
Os governos federal e de Nova Gales do Sul são co-anfitriões do evento, que contará com a presença da Ministra Federal do Meio Ambiente, Tanya Plibersek, que discursará no primeiro dia, apresentando o Plano Positivo para a Natureza de seu governo. Comprometendo-se com a meta 30×30 e com a “zero novas extinções”, os participantes esperam avançar em direção a esse objetivo global.
A construção de consenso sobre os contextos econômicos necessários para aumentar o investimento privado na natureza será o ponto principal da cúpula. Os modelos financeiros, parcerias empresariais e a forma de medir, monitorar e reportar o progresso estão na agenda, assim como a discussão sobre setores específicos do meio ambiente, como agricultura, pecuária, cidades, oceanos e florestas.
A necessidade de co-investimento substancial por parte do setor privado, incluindo os proprietários de terras, para reparar e proteger a natureza à escala necessária é destacada. Nesse contexto, a construção de um mercado de reparação da natureza, considerado uma medida pioneira, é um mercado de biodiversidade legislado, nacional e voluntário, onde indivíduos e organizações realizam projetos de reparação da natureza para gerar um certificado negociável.
Os delegados da cúpula focarão também em como os mercados da natureza podem desbloquear novas fontes de financiamento, considerando as formas como os mercados de carbono e biodiversidade podem trabalhar em conjunto para alcançar resultados “carbono-mais”. A transição global positiva para a natureza é estimada em desbloquear oportunidades de negócios no valor de 10 trilhões de dólares por ano e criar 395 milhões de empregos até 2030.
Com retornos econômicos significativos e benefícios para a natureza, agricultura e acesso aos mercados globais, a Austrália é incentivada a adotar uma mentalidade positiva para a natureza. A cúpula desta semana é uma oportunidade para reunir diversos setores em prol de uma visão compartilhada de um futuro mais positivo, especialmente diante da urgente necessidade de reverter o declínio da natureza.
Com a crescente ameaça à biodiversidade e aos ecossistemas, a Austrália, rica em biodiversidade, tem a responsabilidade de agir. Embora tenha prometido acabar com o desmatamento até 2030, o país continua sendo um foco de desmatamento entre as nações desenvolvidas. É imprescindível agir agora para reverter esse declínio e proteger os ecossistemas.
A cúpula desta semana representa uma oportunidade para a Austrália demonstrar sua mentalidade positiva em relação à natureza diante desse desafio global. Não há mais tempo a perder se quisermos garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Vamos agir agora em prol da conservação e restauração da natureza.
Este artigo foi adaptado do The Conversation sob uma licença Creative Commons e reflete a importância de agir de forma positiva em relação à natureza, em um esforço conjunto para preservar e proteger nosso ambiente natural. Vamos trabalhar juntos para construir um futuro mais sustentável e equilibrado para todos.